Nova Canudos
Estávamos voltando para casa, da nossa viagem até a Chapada Diamantina na Bahia e meu esposo viu uma placa na estrada que dizia ser a entrada para Canudos. Como nós gostamos muito de história, foi a deixa. Fizemos o retorno e mudamos os planos. Vamos conhecer Canudos! Primeiro chegamos em Nova Canudos, uma cidadezinha pequenininha, construída para substituir a Velha Canudos, hoje debaixo d'água.
Armamentos e outros objetos usados na época da Guerra de Canudos
Nesta Pracinha, temos uma estátua de Antonio Conselheiro, uma capelinha e um pequeno depósito de alguns objetos da época.
Pracinha de Nova Canudos
Espaço Cultural (estava fechado)
Estrada para Canudos (sendo ampliada)
Entrada para o Parque Estadual de Canudos (Velha Canudos)
Quem cuida do Parque é a Universidade Estadual da Bahia e a entrada é gratuita. Ao chegarmos, nos identificamos, recebemos panfletos informativos e orientações. O percurso é feito todo dentro do nosso carro e não necessita de guia. As placas vão indicando.
Vale da Morte (aqui estão enterrado vários soldados que participaram da guerra contra Canudos)
Mapa do Terreno
Antonio Conselheiro (cearense), batizou o lugar como Belo Monte e chegou a ter mais de 25mil habitantes. Foram quatro tentativas militares para acabar com Canudos. Nesta última, tiveram êxito e o massacre foi terrível.
Trincheiras Conselheiristas: daqui o povoado de Canudos obtinha conselhos espirituais
Alto da Favela: daqui partiram as tropas que invadiram Canudos
Estrada de Massacará (onde Antonio Conselheiro e seus seguidores caminhavam em romarias e faziam suas procissões)
Hospital de Sangue: aqui os soldados feridos recebiam sague
Um massacre terrível!!!
Memorial de Antonio Conselheiro:
Este memorial fica em outro ponto da cidade e lá também achamos peças do povoado de Canudos.
Achados da cidade histórica de Canudos durante a guerra...
Réplica da Igreja de Canudos: em outro ponto da cidade. Daqui podemos ver onde o povoado de Canudos existiu e a réplica da Igreja construída por Conselheiro e seus seguidores.
Canudos submersa!!! Em 1969 pelo açude Cocorobó, construído pelo Governo de Getúlio e Dnocs. Não sabemos se para não contarem nem a história, mas a verdade é que ela jamais será esquecida.
Estátua de Antonio Conselheiro
Guerra de Canudos
Por Felipe Araújo |
A Guerra de Canudos ocorreu entre os anos de 1896 e 1897 no sertão da Bahia. Seu líder messiânico foi Antônio Conselheiro, que estabeleceu uma comunidade em Canudos. Seu intuito era governá-la e torna-lá auto-sustentável. Antônio Conselheiro foi descrito por Euclides da Cunha no livro Os Sertões, um estudo sobre a situação do povo nordestino na Guerra de Canudos. Euclides descreve Antônio Conselheiro da seguinte forma:
Nesta época o desenvolvimento econômico dava-se na região Sudeste do Brasil, onde a cultura cafeeira e os barões do café compunham uma elite agrícola. Já no Nordeste, a situação era bem diferente. Após e retirada dos nordestinos entre 1877 e 1879 – período da Grande Seca – a região passou por um dos períodos mais miseráveis de sua história, com os habitantes procurando por lugares melhores para a agricultura e moradia.
Os problemas na área eram, e ainda são, a falta de chuvas que causa a morte das plantações e rebanhos e o descuido dos governantes locais. Parte deste esquecimento dos políticos nasceu na época do Coronelismo, criado no Império. O coronel dispunha de um título oficial de militar e atuava como um chefe político local, mandando na região como bem entendia.
Oferecendo abrigo e oportunidade de proteção, Antônio Conselheiro expandiu seu número de seguidores. Canudos, que ficava na zona de influência do Barão Jeremoabo, começou a irritar os grandes proprietários de terras. A prosperidade e o prestígio que o arraial ganhava acabou amedrontando os líderes locais, que tinham medo de perder força política.
Em 1896, a força policial do tenente Pires Ferreira com seus 40 homens foi enviada pelo governo da Bahia, porém, foi derrotada pelos seguidores de Conselheiro. No mesmo ano, outra expedição contra Canudos. O major Febrônio de Brito e seus 600 homens tentaram invadir o arraial, mas também foram destroçados. Em maio de 1897, uma terceira tentativa. O coronel Moreira César e suas fileiras de 1.300 homens atacaram o arraial de Canudos com peças de artilharia, mas foram novamente derrotados e mortos.
A quarta tentativa deu-se entre os meses de setembro e outubro de 1897. A brigada do general Artur Oscar de Andrade Guimarães com seus 6.000 homens consegui invadir e destruir o arraial.
Os número final de mortes na Guerra de Canudos é assustador. Mais de 5.000 homens mortos em batalha. Ao fim da guerra, um dos aspectos positivos foi a volta do debate sobre o povo sertanejo no Brasil. Milhares de homens que tentavam sobreviver à miséria e à falta de recursos.
Atualmente, o que restou de Canudos está submerso na águas do Açude de Cocorobó, construído no final dos anos 60 em uma inútil tentativa de apagar da lembrança do povo brasileiro um dos mais autênticos movimentos organizados pelas camadas populares.
“E surgia na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos crescidos até os ombros, barba inculta e longa. Face escaveirada, olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado ao clássico bastão, em que se apoia o passo dos peregrinos”.
Nesta época o desenvolvimento econômico dava-se na região Sudeste do Brasil, onde a cultura cafeeira e os barões do café compunham uma elite agrícola. Já no Nordeste, a situação era bem diferente. Após e retirada dos nordestinos entre 1877 e 1879 – período da Grande Seca – a região passou por um dos períodos mais miseráveis de sua história, com os habitantes procurando por lugares melhores para a agricultura e moradia.
Os problemas na área eram, e ainda são, a falta de chuvas que causa a morte das plantações e rebanhos e o descuido dos governantes locais. Parte deste esquecimento dos políticos nasceu na época do Coronelismo, criado no Império. O coronel dispunha de um título oficial de militar e atuava como um chefe político local, mandando na região como bem entendia.
Oferecendo abrigo e oportunidade de proteção, Antônio Conselheiro expandiu seu número de seguidores. Canudos, que ficava na zona de influência do Barão Jeremoabo, começou a irritar os grandes proprietários de terras. A prosperidade e o prestígio que o arraial ganhava acabou amedrontando os líderes locais, que tinham medo de perder força política.
Em 1896, a força policial do tenente Pires Ferreira com seus 40 homens foi enviada pelo governo da Bahia, porém, foi derrotada pelos seguidores de Conselheiro. No mesmo ano, outra expedição contra Canudos. O major Febrônio de Brito e seus 600 homens tentaram invadir o arraial, mas também foram destroçados. Em maio de 1897, uma terceira tentativa. O coronel Moreira César e suas fileiras de 1.300 homens atacaram o arraial de Canudos com peças de artilharia, mas foram novamente derrotados e mortos.
A quarta tentativa deu-se entre os meses de setembro e outubro de 1897. A brigada do general Artur Oscar de Andrade Guimarães com seus 6.000 homens consegui invadir e destruir o arraial.
Os número final de mortes na Guerra de Canudos é assustador. Mais de 5.000 homens mortos em batalha. Ao fim da guerra, um dos aspectos positivos foi a volta do debate sobre o povo sertanejo no Brasil. Milhares de homens que tentavam sobreviver à miséria e à falta de recursos.
Atualmente, o que restou de Canudos está submerso na águas do Açude de Cocorobó, construído no final dos anos 60 em uma inútil tentativa de apagar da lembrança do povo brasileiro um dos mais autênticos movimentos organizados pelas camadas populares.
Dicas:
Filme: Guerra de Canudos:
Com José Wilker, Cláudia Abreu, Paulo Betti, Marieta Severo, Selton Mello, José de Abreu, Tonico Pereira, Roberto Bontempo e mais de cinco mil figurantes formam o impressionante elenco reunido neste épico espetacular, que recria a fundação e destruição do Arraial de Canudos, nos sertão da Bahia, cem anos atrás.
O diretor Sérgio Rezende (de Lamarca) narra os acontecimentos através do drama de uma família sertaneja. Os pais, Zé Lucena (Betti) e Penha (Marieta Severo), entusiasmam-se com as palavras de Antonio Conselheiro (José Wilker) e resolvem acompanhá-lo. A filha mais velha Luiza (Claudia Abreu), rebela-se e foge de casa. Anos depois, em plena guerra, casada com um soldado (Tuca Andrada), mas atraída por um jovem oficial (Selton Mello), Luiza vai tentar salvar sua família, quando o Exército decide acabar de vez com a cidade de Conselheiro.
O diretor Sérgio Rezende (de Lamarca) narra os acontecimentos através do drama de uma família sertaneja. Os pais, Zé Lucena (Betti) e Penha (Marieta Severo), entusiasmam-se com as palavras de Antonio Conselheiro (José Wilker) e resolvem acompanhá-lo. A filha mais velha Luiza (Claudia Abreu), rebela-se e foge de casa. Anos depois, em plena guerra, casada com um soldado (Tuca Andrada), mas atraída por um jovem oficial (Selton Mello), Luiza vai tentar salvar sua família, quando o Exército decide acabar de vez com a cidade de Conselheiro.
Escrito por Euclides da Cunha, publicado em 1902, Os Sertões trata da Guerra de Canudos (1896-1897), no interior da Bahia. Euclides da Cunha presenciou uma parte desta guerra como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, e ao retornar escreveu um dos maiores livros já escritos por um brasileiro. Pertence, ao mesmo tempo, à prosa científica e à prosa artística.
Livro fundamental de Euclides da Cunha – de quem celebramos, em 2009, o centenário de falecimento -, Os Sertões, como explicita o título, recupera o tema do sertão, ou do mundo sertanejo, enquanto polo oposto ao mundo civilizado, caracterizando-se pelas condições primitivas (e às vezes selvagens) de existência de seus habitantes, vivendo, em regra, à mercê da natureza.
A consciência desse sertão – quase uma entidade mítica, símbolo das áreas mais desertas do Brasil, onde uma sociedade rudimentar sobrevive divorciada do conforto do progresso encontrado no litoral – começou a se refletir, na ficção brasileira, a partir de alguns escritores românticos, como Bernardo Guimarães (O Ermitão do Muquém, 1869) e Taunay (Inocência, 1872).
Uma visão mais realista surgiria, anos depois, em Pelo Sertão, livro de contos de Afonso Arinos, publicado em 1898. No século 20, o tema seria retomado em várias obras menos expressivas, até que, em 1958, Bernardo Ellis publicasse O Tronco, romance pouco comentado mas brilhante, que enfoca a realidade do sertão do Centro-Oeste brasileiro. Ao mesmo tempo, João Guimarães Rosa conseguia atingir a própria estrutura psicológica do sertanejo – como se o sertão passasse a ser observado de dentro para fora, surpreendido em suas mais profundas motivações -, ao publicar Sagarana (1946), Corpo de Baile (1956) e Grande Sertão: Veredas (1956).
O livro de Euclides da Cunha surge, portanto, na passagem do Realismo para o Modernismo, em 1902, fruto das reportagens que o autor realizou, como enviado de O Estado de S. Paulo, durante a fase final da Campanha de Canudos (1897). Os textos jornalísticos, contudo, em nada se comparam à dimensão alcançada pela obra, na qual Euclides antepõe à narração da luta dos sertanejos duas partes introdutórias: “A Terra” e “O Homem”.
"O sertanejo é, antes de tudo, um forte."
Euclides da Cunha
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